Pesquisadores criam método mais preciso para identificar TDAH em jovens

Por Portal Opinião Pública 27/03/2025 - 16:06 hs
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Pesquisadores vinculados ao Centro de Pesquisa e Inovação em Saúde Mental (Cism) desenvolveram um método inovador para diferenciar biomarcadores neurobiológicos em crianças e adolescentes com transtorno do déficit de atenção e hiperatividade (TDAH). O estudo científico representa um importante avanço para aumentar a precisão na identificação de características associadas ao transtorno.

O estudo analisou dados de 2.511 jovens de 6 a 14 anos, participantes da “Corte Brasileira de Alto Risco para Transtornos Mentais”, projeto que faz parte do Cism. Os resultados foram divulgados no periódico European Child & Adolescent Psychiatry.

Os pesquisadores utilizaram um modelo baseado em riscos para refinar análises e aumentar a precisão na identificação de marcadores genéticos, volumetria cerebral e funções executivas associadas ao TDAH. O modelo multivariado incorporou fatores clínicos e sociodemográficos, permitindo separar indivíduos sem o transtorno em grupos de alto e baixo risco. Essa abordagem revelou diferenças mais acentuadas entre os grupos, com resultados mais expressivos em biomarcadores-chave, como os escores poligênicos e os volumes subcorticais.

Enquanto análises tradicionais demonstravam uma sobreposição significativa – mais de 90% – entre os grupos, o novo método praticamente dobrou as áreas sem sobreposição. Os escores poligênicos são medidas que quantificam a predisposição genética de um indivíduo a uma doença. As estruturas subcorticais são regiões localizadas nas camadas mais profundas do cérebro que podem apresentar diferentes tamanhos.

O estudo científico também evidenciou a ausência de diferenças neurobiológicas marcantes entre os indivíduos de alto risco e aqueles já diagnosticados, sugerindo, portanto, a influência de fatores ambientais e de resiliência para o transtorno.